data-filename="retriever" style="width: 100%;">Na semana da mulher, li um artigo da antropóloga e escritora Paola Klug que falava sobre sua avó. "A minha avó me dizia que, quando uma mulher se sentisse triste, o melhor que podia fazer era entrançar o seu cabelo de modo que a dor ficasse presa nele e não pudesse atingir o resto o corpo." Minha avó paterna também tinha as suas crendices, dizia que, todas as manhãs, deveríamos abrir a casa para deixar o ar puro e o sol entrar para afastar os maus espíritos, pois somente a tristeza gosta de lugares fechados e da escuridão.
Acreditar em fatos ou relações sobrenaturais, fantásticas ou extraordinárias não são coisas do passado. Muito das crendices e superstições populares estão incorporadas no nosso dia a dia.
Quem não conhece alguém que acredita que dá azar passar debaixo de uma escada, quebrar um espelho ou um gato preto cruzar na sua frente? Alguém que possui um talismã, amuleto de proteção, olho grego, figa, trevo-de-quatro-folhas, ferradura para trazer a sorte? Alguém que acredita que ao jogar moedas em fontes terá seus desejos realizados?
Dizem os livros que, quando não temos controle sobre algo que desejamos muito que aconteça, as superstições são úteis. Esse processo acontece em situações associadas a algo importante, como o nascimento dos filhos, um casamento ou uma entrevista de emprego. Queremos muito que aquilo dê certo, mas não temos como garantir que isso acontecerá do jeito que imaginamos, então, lançamos mão de algo que nos traga segurança. Os rituais e amuletos criam uma falsa sensação de que algo foi feito para garantir o desfecho positivo e isso traz conforto.
Explicam os estudiosos do assunto que, a todo instante, o nosso cérebro cria, associações, em um processo automático para buscar padrões que expliquem e organizem as informações que recebe. Quando não há uma explicação clara aparente, ele acaba realizando uma associação que não é, 100%, racional. É daí que nascem as superstições. O cérebro não aceita a dúvida, a incerteza. Isso gera angústia e sofrimento. Para se proteger, ele cria uma história, que traz o sentimento de controle sobre o que está acontecendo, mesmo sabendo que isso é ilusório. Não há nenhuma prova científica ou garantia de que esses rituais funcionem. No entanto, um estudo feito por cientistas da Universidade de Colônia, na Alemanha, eles concluíram que ativar amuletos relativos à boa sorte melhorou o desempenho durante a prática esportiva, solução de anagramas e jogos de memória.
O mais fascinante dessas crenças populares é que, por mais que saibamos serem irracionais, ainda assim preferimos não dar chance para o azar e continuar acreditando nelas. Portanto, desde que não nos tornemos prisioneiros das superstições, não há nada de errado buscar nosso amuleto ou usar a roupa da sorte em momentos importantes, se isso afastar as tristezas e nos tornar mais confiantes. Se as superstições e simpatias não ajudarem, atrapalhar também não vão.